Celebração de ação de graças pelo primeiro Bispo anglicano do Paraguai

Uma celebração de ação de graças pela vida e ministério do primeiro bispo do Paraguai, Revmo. Bispo Douglas Milmine, ocorreu na Inglaterra após seu falecimento aos 95 anos. Nascido no Reino Unido, Douglas Milmine atuou como missionário na América do Sul por mais de 30 anos.

Em 1954 ele se colocou a serviço da Sociedade Missionária da América do Sul (South American Missionary Society – SAMS) e partiu da Inglaterra em um navio com destino ao Chile com sua esposa e quatro crianças pequenas. Seu filho, Ian, lembra-se da experiência: “Eu tinha seis anos de idade quando meus pais nos levaram para a América do Sul. Recordando daqueles anos em diante, me impressiona o quão valentes eles devem ter sido. Minhas memórias deste primeiro assentamento no Chile foi de um lugar com uma quantidade extraordinária de chuva e a necessidade de mover as camas de lugar por causa do vazamento do telhado! Além disto, meus pais saiam naquelas condições, a cavalo, no meio da noite para dar assistência médica a população indígena sofrendo de tuberculose, que era endêmica”.

Ele construiu uma igreja com comunidade vibrante no sul do Chile, algumas a mil quilômetros ao sul de Santiago; ele posteriormente foi alocado na capital, onde ele ministrou para a população indígena que chegava na cidade para trabalhar na cidade; em 1963 foi indicado Arcediago para o Norte do Chile, Bolívia e Peru.

Douglas Milmine voltou à Grã-Bretanha em 1969 para trabalhar para a SAMS mas se encontrou novamente na América do Sul quatro anos depois quando o bispo no Paraguai e Norte da Argentina renunciou para assumir a presidência da Comunhão Anglicana no Sul da América. O Paraguai se tornou na nova e diocese única, e ele foi consagrado como primeiro bispo, servindo de 1973 a 1985.

Ao manter os ideais de seus ancestrais missionários, o Bispo Douglas estava interessado em promover a educação entre a população indígena. Seu filho lembra do comprometimento do pai nesta área: “Ele forçou para que a população indígena recebesse cidadania e contribuiu para garantir a terra que eles precisavam para estabelecer as comunidades. Ele apoiou a tradução do Novo Testamento na língua deles e seu propósito sempre foi para que os locais tomassem conta da comunidade de suas igrejas. Recentemente como o último Natal ele ficou empolgado ao escutar que doze novos cristãos das comunidades indígenas foram ordenados”.

O Bispo Douglas fez um grande esforço físico para ministrar em comunidades distantes, saindo por dias a fio em vilas remotas: “Ele sempre disse que seu maior amigo era um pastor indígena chamado Felix, que iria levá-lo a cavalo. Deve ter sido um grande dreno de sua força física. Felix foi seu tradutor nas comunidades indígenas”.

Nascido no sul da Inglaterra em 1921, Douglas Milmine leu teologia no St. Peter´s College Hall, Oxford, quando seus estudos foram interrompidos pela Segunda Guerra Mundial. Com 22 anos ele tinha missões de voo sobre a França e Alemanha, mas em sua oitava missão seu avião foi abatido e ele foi capturado, passando o resto da guerra como prisioneiro de guerra. Ele posteriormente refletiu que, tendo sobrevivido vários anos como aluno interno em uma escola pública inglesa, o campo de prisioneiros não parecia tão mal. Seu filho lembra-se que a infância foi repleta de histórias desta época: “Por exemplo, como ele estabeleceu células de estudo Bíblico no campo e como ele confundiu os guardas ao se mudar durante a contagem de cabeças! Uma maneira de nos unirmos nas orações familiares na noite era nos contando essas histórias”.

Após a desmobilização, Douglas Milmine foi ordenado em 1947. Seu serviço na Comunhão Anglicana foi reconhecido pelo prêmio honorário de CBE (Most Excellent Order of the British Empire) em 1983. Ao aposentar-se no meio dos anos de 1980, ele voltou à costa sul da Inglaterra e atuou como bispo assistente honorário na Diocese de Chichester.

Douglas Milmine publicou sua autobiografia, Stiff Upper Smile, assim como a história do anglicanismo na América do Sul. Ele deixa sua esposa, Rosalind, três filhos e uma filha.

Publicado em 22/03/2017 no site Anglican Communion News Service.