Ministério do acolhimento

Texto escrito por Rev. Cezar F. Alves

O primeiro serviço que uma paróquia deve realizar é o do acolhimento. É um fato a existência de muitos homens e mulheres numa situação de procura e que, em momentos decisivos, se dirigem à paróquia em busca de aconselhamento pastoral e orientação. Certos acontecimentos alegres ou tristes, de ordem afetiva, familiar ou profissional colocaram-lhes um conjunto de interrogações. Estas pessoas, por vezes, aproximam-se da paróquia. O acolhimento é decisivo.

Os evangelhos, especialmente o de São João mostram a atitude de acolhimento que Jesus teve em relação a Nicodemos (um membro judeu do senado), à Samaritana (uma mulher do povo marginalizado) e ao Centurião (um funcionário romano pagão). Jesus acolheu publicanos e fariseus, prostitutas e doentes, marginalizados e crianças, massas populares e pecadores. A paróquia deve viver o serviço do acolhimento. A paróquia é a Igreja de portas abertas num lugar fixo. Pela sua presença visível, é um espaço aberto ao povo. Creio que, é bom lembrar que no ofício de instituição de um novo pároco o primeiro guardião da paróquia entrega as chaves do templo ao novo Ministro, dizendo: “Em nome e da parte da Paróquia – , Eu vos recebo e reconheço a vós, como nosso presbítero e pároco, e em sinal disto ponho em suas mãos as chaves da Igreja. Faça com que as portas estejam abertas para toda a gente”. Sendo assim, proponho uma reflexão sobre o fato de que muitas pessoas entram em contato com a Paróquia principalmente através da celebração Eucarística dominical. Ora, na Eucaristia a uma potente força de acolhimento e evangelização, e isto deve transparecer seja na fé do Ministro e dos presentes, seja mediante o desenvolvimento da liturgia em todas as suas partes, da acolhida aos cantos, dos gestos ao silêncio, da homilia aos avisos, das intercessões ao abraço da paz, da profissão de Fé a partilha do Pão e do Vinho eucarístico, Corpo e Sangue de Cristo dado por amor a nós.

É preciso tão pouco para acolher com um sorriso, para dar uma explicação-informação com civilidade e gentileza, para retífica com calma uma informação errada. É importante sobretudo, mostrar que cada um particularmente é acolhido como pessoa, com sua dignidade intrínseca, inalienável, que Jesus nos habilita a reconhecer e valorizar, pois como sabemos as pessoas não aceitam de bom grado reprovações de quem não conhece ou não estimam, só através de uma amável familiaridade é possível fazer as devidas correções e esclarecimentos. Desta forma, é necessário despertar em nossas comunidades, a capacidade e o empenho de viver sua vocação de ser uma Paróquia fraterna e acolhedora, uma fraternidade animada pelo espírito da unidade, a família de Deus num local concreto.

A Paróquia não é essencialmente uma estrutura, um território, um edifício. A Paróquia é, em primeiro lugar uma comunidade de cristãos. Eis a finalidade da Paróquia, hoje: Ser uma comunidade misericordiosa, acolhedora e fraterna. Não se é cristão sozinho. “A Igreja só é Igreja quando existe para os outros” Dietrich Bonhoeffer. Depois de sete anos de ministério pastoral, estou inteiramente convicto de que as paróquias relevantes são aquelas que vivem de modo pleno sua vocação de comunidade terapêutica. Paróquias relacionais, comunidades de encontros autênticos farão a diferença nesta geração. A Paróquia relevante, é aquela comunidade que vive plenamente sua missão terapêutica trazendo cura, perdão e reconciliação. O Frei Clodovis Boff em seu livro “Uma Igreja para o próximo milênio”, escreve que: “A Igreja de Cristo não pode fechar o coração a pessoa alguma, por mais perdida que possa parecer. Há de imitar seu fundador, que se chamou ‘Amigo dos publicanos e pecadores’ – Mt. 11:19 – A Igreja do crucificado não pode conhecer nenhuma sorte de exclusão, só os arrogantes estão fora, não porque sejam por ela excluídos, mas porque, por sua presunção, não se dignam de participar dela”. E continua: “A misericórdia de Deus se estende a todos aqueles que os sistemas morais e religiosos condenam e que são tidos como ‘pecadores’, proscritos e perdidos. A lista é longa, repartida entre categorias tradicionais e outras novas: as prostitutas, as mães solteiras, os divorciados, os homossexuais, as vítimas da AIDS, os dependentes químicos, etc.” Todos nós Clérigos e Eclesianos, devemos ir ao encontro de todos estes “perdidos”, em busca de um lar espiritual, “sem-tetos” religiosos, e com ternura e misericórdia pronunciar as palavras do Mestre: “Vinde a Mim e os aliviarei” Mt. 11:28-30, pois cada pessoa deve ser respeitada, acolhida e amada em nossas comunidades. E em nome do mesmo amor que acolhe, dizer: Apreciamos a sua participação em nossa comunidade. Vocês são sempre bem-vindos! Pois a Igreja de Deus “é Casa de Oração para todos os Povos” – Is. 56:7.